Vida de cachorro não é fácil. Este personagem já tem um capítulo especial na história do futebol. Está certo que na Copa de Ásia, em 2002, a história não foi tão nobre quanto à do vira-lata inglês que achou no meio da rua a taça Jules Rimet roubada em 1966. Com o prêmio pago ao seu dono, pelo fato de ter metido a fuça onde não era chamado, terminou a vida comendo ração de primeira, coisa de rei.
O cão corre atrás da bola não é de agora. A Copa de 1962 registrou gloriosas peripécias caninas. No jogo entre Brasil e Inglaterra, no Estádio Sausalito, em Viña Del Mar, dois deles se meteram no gramado e fizeram o juiz francês Pierre Schwinte e o jogador inglês Greaves pagarem o maior mico na tentativa de expulsarem os intrusos de campo. O inglês chegou a andar de quatro pelo gramado para se dar bem na caçada.
Vida de cachorro não é fácil. Veja o caso do Chile. O país passara por um terremoto dois anos antes da Copa e fizera o diabo para não ter de suspender a competição. Os dirigentes esportivos usavam do seguinte raciocínio: com a Copa, a população poderia recuperar um pouco da alegria perdida com o terremoto – dois milhões de pessoas ficaram desabrigadas -, sem contar a grana que entraria nos cofres públicos com auxílio da bola para ajudar a recuperação do país. Os animaizinhos não queriam estragar o plano. Se em dia de mudança, cachorro já fica perdido, imagine em tempos de terremoto.
Na Coréia do Sul, onde o Brasil conquistou a primeira Copa do milênio e o pentacampeonato, o cachorro voltou à cena para ilustrar a história deste que é o principal evento esportivo do planeta. Só que nesta primeira Copa organizada por dois países, Coréia do Sul e Japão, não foi para buscar uma taça roubada nem entrar de gaiato em um jogo do Mundial.
A vida gira. Tem hora que o animal come ração de primeira linha, tem hora que vai pra panela.Vida de cachorro não é fácil.
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